Era setembro de 2018. Eu estava prestes a completar oito meses de contrato em uma multinacional, passava por um momento difícil de muitas mudanças internas a respeito de quem eu era e o que eu aceitava, estava tentando equilibrar os vários pratos que vieram com a nova função, quando veio a bomba: “não sei se conseguiremos aprovação para você continuar nessa vaga”. Meu mundo caiu.
A efetivação nessa empresa costumava ser feita em etapas. Primeiro, você era contratado por 8 meses e, caso a área conseguisse aprovação e você desempenhasse bem a função, poderia ser efetivada em definitivo ou por mais oito meses – até completar 2 anos, que era o prazo para a efetivação ou desligamento. Apesar da alta demanda, eu estava conseguindo me sair bem, mas a aprovação necessária para que eu fosse efetivada estava pendente. E meu gerente tinha quinze dias para consegui-la, caso contrário, eu seria demitida.
Após me dar essa notícia, meu gerente da época me autorizou a procurar uma vaga em outra área, porque não conseguia me garantir a aprovação dentro daquele período. O restante daquele dia não é muito claro para mim. Só me lembro de estar no fretado, indo embora, e pensando “o que eu vou fazer agora?”, junto com uma sensação estranha de: calma, vai ficar tudo bem.
No dia seguinte, decidi trabalhar de home office, porque eu só sabia chorar. Como assim a minha vida profissional também estava dando errado? Eu ia tentar encontrar outra vaga interna, mas… em quinze dias? Impossível. Quem consegue um emprego novo em quinze dias?, eu pensava.
Mesmo desacreditada, chamei um colega que havia mudado de área recentemente e falei a verdade: eu estava desesperada porque minha efetivação ainda não tinha sido aprovada. Ele me entendia, porque sabia exatamente como isso funcionava e comentou sobre duas vagas que estavam abertas na área dele, com gerentes diferentes. Ele aconselhou que eu me aplicasse as vagas e chamasse os gerentes diretamente para explicar o que estava acontecendo.
E foi exatamente isso que eu fiz. Apenas um dos dois gerentes me respondeu — e já agendou uma entrevista. Isso foi numa quarta feira. Como estava de home office, a entrevista ficou marcada para o dia seguinte, uma quinta feira. Era uma vaga bem interessante, onde eu teria um aumento e desempenharia algumas atividades que me desenvolveriam bastante. Na quinta, fiz a entrevista e na manhã de segunda feira, ele me chamou dizendo que eu havia sido aprovada.
Tudo foi muito rápido, e em outubro, eu já estava iniciando o treinamento nesse novo time. Efetivação definitiva, aumento de salário, atividades que me desenvolviam, ótimas oportunidades… E você pode estar pensando que essa foi a lição e o que deu certo em meio a isso tudo, né? Errado. O plot twist, e o que realmente deu certo, foi que o treinamento que eu recebi foi com o Breno, que hoje é meu namorado há seis anos (e futuro marido). Ele foi a pessoa designada para me passar o treinamento da nova função. Também se tornou meu companheiro, meu melhor amigo e, no ano seguinte, meu namorado.
Dois mil e dezoito começou com a finalização de um ciclo longo, complicado, de muitos recomeços — e que também me trouxe a sensação de que tudo “estava dando errado”. Em agosto, essa história da efetivação pendente era a segunda grande coisa que parecia estar dando errado no meu ano.
Essas duas situações que me fizeram sofrer, me colocaram em desconforto e me fizeram questionar o que eu estava fazendo de errado pra tanto sofrimento em tão pouco tempo, foram as mesmas situações que me colocaram frente a frente com o amor da minha vida.
Essa semana, após buscar a matrícula registrada na prefeitura do nosso futuro lar, apenas um pensamento me veio à mente: Não dar certo foi a melhor coisa que aconteceu.
Sobre aquilo que não deu certo
